No texto anterior falamos da necessidade de pessoas com espírito e capacidade para a crítica. Isso pode parecer assustador e abrir portas aos mal intencionados, aos agressivos e irônicos. Pessoas que se dizem críticas e são de fato, mas na pior acepção da palavra.
O leitor deve se lembrar que no mesmo texto procuramos esclarecer o papel da crítica. Nesta oportunidade queremos reforçar que nenhuma crítica deve ser à pessoa ou ter a intenção de prejudicar quem quer que seja. A crítica deve ter por objetivo ajudar, alertar, evitar erros.
È possível que nos mantenhamos arredios a essa idéia de que necessitamos de críticos porque ainda temos uma concepção arcaica com relação a essa ação e ao significado dessa palavra. Na concepção atual crítica não significa, necessariamente, ataque impiedoso ou uma atitude impensada e, na maioria das vezes, desprovida de bom senso. Por crítico entende-se aquele que é capaz de julgar uma ação pelos seus méritos. Pressupõe-se a existência de princípios éticos norteando a ação de criticar. Da mesma forma que se espera que a instituição, ou pessoa, cuja ação esteja em julgamento também seja crítica e tenha princípios éticos.
Ser crítico é ter consciência de que sempre é possível estar iludido pelos sentidos ou pelas concepções. É ser consciente de que é possível que alguém encontre uma outra forma de ver e atuar, não necessariamente, melhor ou pior do que a adotada por nós.
Crítico é quem busca saber os objetivos e as causas. Não é quem, norteado por idéias preconcebidas, busca ver erros em tudo, mas é aquela pessoa que pede prestação de contas, que busca saber motivos e compreender aonde se quer chegar.
Porém, mesmo sabendo disso, frequentemente não recebemos bem a crítica. Ela nos incomoda porque mostra a nossa fragilidade. O crítico toca em nossa ferida, golpeia o nosso ponto fraco. A crítica é a flecha que atinge o “calcanhar de Aquiles”.
Ninguém gosta de ter sua fragilidade exposta e é por essa razão que nos incomodamos tanto quando alguém nos critica. Nossa tendência é de nos protegermos a qualquer custo, mesmo que seja a custa de defesa de erros.
Almejamos estar acima da crítica e, às vezes, ao nos julgarmos fora de sua área de importunação descobrimos, para nosso profundo pesar, que o nosso “calcanhar de Aquiles” é maior do que imaginamos. Pode acontecer descobrirmos que somos uma deformação com o “calcanhar” quase do tamanho do corpo.
Se fôssemos mais humildes e admitíssemos não sermos heróis (na concepção grega) seríamos menos afligidos por ela e não sofreríamos tanto com a sua presença. Tudo seria diferente se tivéssemos a consciência de que ninguém pode se considerar intocável; que ninguém está isento de erros.
Como não vivemos numa teocracia nenhum ser humano pode se arvorar em um enviado especial do Céu e com dificuldades para errar. Podemos, sem dúvida alguma, nos considerar bem intencionados o que não nos isenta da possibilidade de cochilos morais, arroubos de zelo, manifestações de intolerância, excessos de cuidados com a permanência na posição, exagero em beneficiar familiares e até mesmo o risco de se considerar o guardião supremo da honra e protetor único das verdades que acreditamos. Com relação o este último item há ainda a possibilidade de nos posicionarmos no extremo oposto.
Mesmo numa teocracia ou com uma aproximação maior da ação divina os erros são possíveis e a História Sagrada está repleta de exemplos.
Diante disso, ninguém melhor do que uma pessoa com espírito crítico para nos alertar e nos colocar de volta no devido lugar. Portanto, supomos não ser prudente fazer silenciar a voz dos que nos alertam e nem deixar a nossa juventude sem o desenvolvimento de sua capacidade de observar, inquirir, questionar. Prudente é formar neles o hábito da crítica, lembrando dos critérios expostos em textos anteriores de que o crítico primeiro deve se autocriticar e somente depois direcionar a sua atenção para fora. É importante ter sempre presente que ele mesmo é passível de julgamentos impróprios.
Todo profissional que se preza interessa saber se o seu trabalhão está sendo útil ou não. Ser avaliado por alguém, provido de bom senso, é salutar e contribui para evitar erros decorrentes de idiossincrasias.
Campo Grande, 18 de dezembro de 2012.
Antonio Sales profesales@hotmail.com
Já vi amizades serem desfeitas pela não aceitação de uma crítica, é um absurdo, considero a crítica construtiva fundamental para o desenvolvimento de um bom trabalho, mas que ela é difícil de ser engolida isso é, e que atire a primeira pedra quem não se sentiu mal ao receber uma crítica mesmo que tenha vindo com a intenção de ajudar.
ResponderExcluirConcordo Thiago. Estamos abrindo o debate numa tentativa de diminuir o "sabor amargo" da crítica.
ResponderExcluirObrigado pela contribuição.
Interessante a fala do Thiago. Dificil mesmo de engolir e muito mais se a origem for daqueles que nao tem mesmo a preocupacao em construir. Penso que critica e' critica. Nao existe critica construtiva ou destrutiva. Ela constroi ou destroi, dependendo de como e' apresentada e do amadurecimento, auto confianca de quem a recebe.
ResponderExcluirPortanto deve estar sempre acompanhada de sigestoes.
Grande abraco
leonice Salles Sanches
Estou com teclado desconhecido e por isso justifico os erros de grafia.