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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O VAI E VEM DA EDUCAÇÃO



O VAI E VEM DA EDUCAÇÃO
Quando nosso filho fica doente tentamos contornar a situação em casa, mas quando percebemos que o problema escapa da nossa competência procuramos um profissional da saúde, alguém que recebeu preparo especial para isso, para assumir a responsabilidade pelo tratamento. Pode não conseguir curar porque alguns casos escapam até mesmo do controle da ciência e da tecnologia, mas é o melhor que podemos oferecer no momento.  Quando o especialista devolve o moribundo para família está admitindo que os seus recursos são insuficientes e nada mais poderá fazer, exceto ministrar algumas drogas que atenuem  a dor. Devolver o problema é assumir-se incompetente, sem recursos.
Fazendo um paralelo  com a educação fico pensando que aqui parece que não há alguém para assumir a responsabilidade. Alguém que diga: “daqui para a frente é comigo. Se eu o devolver estarei admitindo o meu fracasso”.
Isso de ter alguém que assuma não acontece, infelizmente. Muitos pais mandam os filhos para a escola porque não sabem educá-los, porque não estão conseguindo fazer mais nada. O que acontece, normalmente, é a devolução do problema para os pais com a seguinte mensagem: “tome que é seu”.  Muitos pais até assumem que já não dão mais conta e por isso esperam que a escola faça algo, mas e o professor e a gestão escolar como reagem?
Na educação não fica claro até onde vai a responsabilidade de cada um. Onde um para e deixa o outro agir. Talvez seja esse o nosso maior problema: definir onde começa e onde termina a responsabilidade de cada um.
O pai leva o filho à escola, mas não o “entrega” professor (mesmo os que desistem do filho, como é o caso dos que choram e dizem abertamente que já sabem mais o que fazer na realidade não dão apoio à escola para que eduque o seu filho). O professor recebe o filho, mas não o assume (seu pensamento é: “lembre que o filho é seu”).
Sei que me dirão que não se pode comparar profissões. Saúde e educação são coisas diferentes, poderão dizer. Concordo e não estou fazendo comparações. Usei a saúde apenas para ilustrar o pensamento. Tenho consciência de que na medicina é mais fácil definir papéis e estabelecer limites de responsabilidade. Por essa razão uso o exemplo apenas como ilustração do que quero dizer. Quero apenas que o leitor saiba o que estou dizendo quando afirmo que na educação o pai não entrega e a escola não assume.
Preocupa-me essa ausência de definição. Sem ela continuaremos afogados em problemas, em busca de culpados e deixando o jovem sem a devida assistência. A situação é tão escabrosa que o jovem que é internado para receber tratamento especializado, e se recusa aceitar as normas, não pode ser punido sob pena de demissão dos funcionários das Unidades Educacionais de Internação (UNEIS). Nem eles e nem nós sabemos o que fazer. Nem a justiça conseguiu definir o que fazer para orientar adequadamente esses funcionários. Ela, finalmente, devolve para a  sociedade o problema que esta criou e ela não deu conta de resolver. É o vai e vem. Vai socialmente enfermo e volta pior em quase todos os casos. Na escola não é incomum isso acontecer também. É esse o quadro desolador, é isso que angustia e que tira o sossego.
Buscam-se culpados, mas ninguém assume uma solução. Quem assumiria a responsabilidade?
Por que a criança e o adolescente vão à escola? Para que os professores estão lá?
Ficam as questões.
Antonio Sales                                            profesales@hotmail.com
Nova Andradina, 09 de setembro de 2013

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