O VAI E VEM DA EDUCAÇÃO
Quando nosso filho fica
doente tentamos contornar a situação em casa, mas quando percebemos que o
problema escapa da nossa competência procuramos um profissional da saúde, alguém
que recebeu preparo especial para isso, para assumir a responsabilidade pelo
tratamento. Pode não conseguir curar porque alguns casos escapam até mesmo do
controle da ciência e da tecnologia, mas é o melhor que podemos oferecer no
momento. Quando o especialista devolve o
moribundo para família está admitindo que os seus recursos são insuficientes e
nada mais poderá fazer, exceto ministrar algumas drogas que atenuem a dor. Devolver o problema é assumir-se
incompetente, sem recursos.
Fazendo um
paralelo com a educação fico pensando
que aqui parece que não há alguém para assumir a responsabilidade. Alguém que
diga: “daqui para a frente é comigo. Se eu o devolver estarei admitindo o meu
fracasso”.
Isso de ter alguém que
assuma não acontece, infelizmente. Muitos pais mandam os filhos para a escola
porque não sabem educá-los, porque não estão conseguindo fazer mais nada. O que
acontece, normalmente, é a devolução do problema para os pais com a seguinte
mensagem: “tome que é seu”. Muitos pais
até assumem que já não dão mais conta e por isso esperam que a escola faça algo,
mas e o professor e a gestão escolar como reagem?
Na educação não fica
claro até onde vai a responsabilidade de cada um. Onde um para e deixa o outro
agir. Talvez seja esse o nosso maior problema: definir onde começa e onde
termina a responsabilidade de cada um.
O pai leva o filho à
escola, mas não o “entrega” professor (mesmo os que desistem do filho, como é o
caso dos que choram e dizem abertamente que já sabem mais o que fazer na
realidade não dão apoio à escola para que eduque o seu filho). O professor
recebe o filho, mas não o assume (seu pensamento é: “lembre que o filho é seu”).
Sei que me dirão que
não se pode comparar profissões. Saúde e educação são coisas diferentes,
poderão dizer. Concordo e não estou fazendo comparações. Usei a saúde apenas
para ilustrar o pensamento. Tenho consciência de que na medicina é mais fácil
definir papéis e estabelecer limites de responsabilidade. Por essa razão uso o
exemplo apenas como ilustração do que quero dizer. Quero apenas que o leitor
saiba o que estou dizendo quando afirmo que na educação o pai não entrega e a
escola não assume.
Preocupa-me essa
ausência de definição. Sem ela continuaremos afogados em problemas, em busca de
culpados e deixando o jovem sem a devida assistência. A situação é tão
escabrosa que o jovem que é internado para receber tratamento especializado, e
se recusa aceitar as normas, não pode ser punido sob pena de demissão dos
funcionários das Unidades Educacionais de Internação (UNEIS). Nem eles e nem
nós sabemos o que fazer. Nem a justiça conseguiu definir o que fazer para orientar
adequadamente esses funcionários. Ela, finalmente, devolve para a sociedade o problema que esta criou e ela não
deu conta de resolver. É o vai e vem. Vai socialmente enfermo e volta pior em quase
todos os casos. Na escola não é incomum isso acontecer também. É esse o quadro desolador, é isso que
angustia e que tira o sossego.
Buscam-se culpados, mas
ninguém assume uma solução. Quem assumiria a responsabilidade?
Por que a criança e o
adolescente vão à escola? Para que os professores estão lá?
Ficam as questões.
Antonio Sales profesales@hotmail.com
Nova Andradina, 09 de
setembro de 2013
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