O Fantástico de 21/07/2013
mostrou uma cena impressionante. Foi montada por um grupo de atores, a pedido de
um repórter (ou da produção do programa). Na cena um mendigo (ator) estava
sendo atacado por três jovens (também atores). “Queriam” expulsá-lo dali por
estar enfeando a praça.
O objetivo era observar a reação
das pessoas diante da violência urbana.
Algumas pessoas passavam de largo,
fingiam não ver a cena, enquanto outras procuraram intervir. No final um dos
apresentadores do programa (com a anuência do outro e dos produtores,
evidentemente) elogiou o fato de ainda existir pessoas que se envolvem com o
problema dos outros, pessoas que ainda se importam. O programa elogiou a
atitude dos que se envolveram.
Há uma semelhança do que foi
encenado com a parábola do “bom samaritano” contada por Jesus (que os que
professam o cristianismo devem conhecer)*. No entanto, apesar de ser cristão não
partilho do pensamento dos produtores e apresentadores do Fantástico. Vejo
muita diferença entre o nosso tempo e o primeiro século da era cristã.
Em nosso tempo o avançado estágio
da sociedade levou-a a criar instituições para evitar conflitos pessoais. Uma
dessas instituições chama-se: Polícia.
Evitar conflitos pessoais é o
papel da polícia e representa um avançado processo civilizatório. Chega de
resolver os conflitos entre as pessoas à base de revólveres, facas, facões,
vinganças, socos e pontapés.
Hoje, não mais precisamos (não
deveríamos precisar) nos expor. Nenhum transeunte que presenciou a cena deveria
ter se intrometido nela. Todos que viram a cena tinham o dever de avisar a polícia
e esta deveria comparecer ao local imediatamente para inibir a ação dos “malfeitores”.
Ao terminar a encenação os apresentadores
não deveriam ter elogiado os que procuraram intervir (pelo risco a que se
expuseram), mas alertá-los de que nesses casos devem telefonar para o número
tal. Deveriam ter lembrado as pessoas que a proteção do cidadão é dever do Estado.
O programa transferiu para as
pessoas o que é responsabilidade do Estado.
Deveria ter condenado os que fingiram não ver
e também não acionaram a polícia. A omissão não é mais aceitável; a
autoproteção, sim.
Fingir não ver e silenciar é mais
condenável do que se envolver. Envolver-se é perigoso e a recomendação é que
seja feito apenas em casos extremos, quando um minuto a mais pode ser sinônimo
de morte.
Os apresentadores deveriam ter
conjecturado quanto tempo a viatura policial gastaria para chegar ao local e
destacado o dever do Estado em estar presente nas praças, na forma de guarda
municipal ou destacamento policial, para dar segurança aos que por ali passam,
vivem ou passeiam.
O que tem tudo isso a ver com o
professor?
O professor é um formador de
opinião e não deve assistir aos programas de forma passiva e permitir que
opiniões obtusas se infiltrem na sociedade sem que ele se manifeste.
Antonio Sales profesales@hotmail.com
Curitiba, 22 de junho de 2013.
*Devo
esclarecer que a alusão à parábola contada por Jesus não foi dos apresentadores
do programa. É uma inserção minha.
Interessante o seu incentivo para que as pessoas e principalmente os educadores, tenham uma atitude crítica, avaliativa sobre o que vêm na mída; podemos acrescentar sobre o que ouvimos e lemos.
ResponderExcluirComo educadores somos formadores de opinião; e a mídia com seu poder massivo de alcanaçar e influenciar as pessoas, deveria ser debatida sobre os temas e mensagens que veícula.
Lendo seu texto pensei de como a mídia tratou da visita no papa em nossa país por ocasião da Jornada Mundial da Juventude. Todos os canais de televisão e edições de jornais impressos a que tive acesso sobre o episódio, focavam que nas última duas décadas houve uma queda no número de fieis da igreja católica (hoje cerca de 57% da população brasileira é católica).
Não vi matérias ouvindo outros segmentos religiosos; parecia que todo o país era católico. Não penso nem defendo que as matérias deveria focar o proselitismo; penso que deveria mostrar mesmo é bom que tenhamos diversidade de crenças e que todos, apesar das divergências, devem respeitar e buscar um convivência harmônica.
Genival
Concordo com você, Genival. Vejo essa possibilidade de escolha de crença como um fator positivo.
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