Tenho feito algumas
visitas a algumas cidades da América do Sul e tenho percebido que
onde o Poder Público se faz presente há limpeza, segurança, o povo caminha
tranquilo pelas ruas e levam a família para a praças. Por outro lado, onde ele está ausente todos me recomendam que
não vá para aquelas bandas e quando precisei ir tive que ir de taxi ouvindo o
motorista falar mal do lugar e vendo sujeira, escassas pessoas nas praças e
quando as vemos são jovens mal vestidos, com bonés atravessados na cabeças
deixando transparecer a sua rebeldia. Quando vou de ônibus me recomendam
muito cuidado, que esconda a máquina fotográfica.
Em certa cidade fui até
uma ponte. É um ponto turístico mas haviam me recomendado que tivesse o cuidado
de não atravessá-la a pé. Fui até lá. Vi um policiamento ostensivo do lado que
eu estava, mas quando me dirigi ao policial para perguntar se havia o que visitar do outro lado (eu estava
testando a recomendação recebida ) ele me disse: “é melhor não ir”. “Não recomendamos”,
disse. “É muito perigoso”, continuou mostrando uma expressão facial de quem
dizia lá só tem lixo.
Como a ponte não é
muito grande olhei para a outra margem do rio e não me lembro de ter visto
policiais do outro lado.
Encontrei ali mais uma
evidência de que a minha hipótese não está incorreta. O poder público deixa uma
comunidade se deteriorar e depois avisa aos
turistas de que ali não há nada (nem gente) que valha a pena ser visitado. Avisa que ali é o “lixo” da
cidade.
Aqui no Brasil, temos
visto praças serem construídas e entregues à população sem a presença de um
guarda para manter a ordem e zelar pela preservação do patrimônio público. Com o tempo (não muito longo) o local começa
ser abrigo de pessoas mal intencionadas e sem um projeto para a vida, que
afugentam as famílias e danificam os bens. Quando chega nesse estágio então se
diz que a população não cuida das praças. Ora, quem recebeu poder para fazer
enfrentamentos da marginalidade é o Poder Público e não a população. Quem vai se indispor com um marginal? Se isso
acontecer, quem lhe dará proteção depois?
Penso que a população
deve cuidar das praças no sentido de não danificar, de orientar os filhos a
respeitar o local, as plantas e os bens. Não consigo imaginar a população sendo
responsável por proteger a praça do ataque dos vândalos. Quem tem que enfrentar
os vândalos é o Poder Público através de pessoas treinadas e credenciadas para
isso.
É discurso comum e
suponho que todos concordam que, numa família, a presença dos pais é fator de
bem estar para os filhos. Pais presentes (uma presença de boa qualidade) dá
segurança, acalma e ajuda nos estudos.
Quando o Poder Público
está presente as filas ficam organizadas, as pessoas se respeitam mais, os
investimentos duram mais tempo, há menos acidentes, menos gastos com
reparos, mais prazer em participar e até
mais coragem para denunciar os erros.
O Rio de Janeiro
mostrou isso claramente. Com a ausência do Poder Público as favelas se tornaram antros de
drogas e crimes. Com a sua presença a
esperança voltou a sorrir para os
habitantes.
Proteger um espaço
público da ação dos vândalos é uma forma de educar a população e de atrair
investimentos na cidade. Estar presente em uma comunidade é uma forma de investir
nessa comunidade.
Por que não acontece? O
que pensa o leitor?
Antonio Sales profeslaes@hotmail.com
Nova Andradina, 19 de
fevereiro de 2013.
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