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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O PODER PÚBLICO AUSENTE



Tenho feito algumas visitas a algumas cidades da  América do Sul  e tenho percebido que onde o Poder Público se faz presente há limpeza, segurança, o povo caminha tranquilo pelas ruas e levam a família para a praças. Por outro lado,  onde ele está ausente todos me recomendam que não vá para aquelas bandas e quando precisei ir tive que ir de taxi ouvindo o motorista falar mal do lugar e vendo sujeira, escassas pessoas nas praças e quando as vemos são jovens mal vestidos, com bonés atravessados na cabeças deixando transparecer a sua rebeldia. Quando vou de ônibus me recomendam  muito cuidado, que esconda a máquina fotográfica.
Em certa cidade fui até uma ponte. É um ponto turístico mas haviam me recomendado que tivesse o cuidado de não atravessá-la a pé. Fui até lá. Vi um policiamento ostensivo do lado que eu estava, mas quando me dirigi ao policial para perguntar  se havia o que visitar do outro lado (eu estava testando a recomendação recebida ) ele me disse: “é melhor não ir”. “Não recomendamos”, disse. “É muito perigoso”, continuou mostrando uma expressão facial de quem dizia lá só tem lixo.
Como a ponte não é muito grande olhei para a outra margem do rio e não me lembro de ter visto policiais do outro lado.
Encontrei ali mais uma evidência de que a minha hipótese não está incorreta. O poder público deixa uma comunidade se deteriorar  e depois avisa aos turistas de que ali não há nada (nem gente) que valha a pena  ser visitado. Avisa que ali é o “lixo” da cidade.
Aqui no Brasil, temos visto praças serem construídas e entregues à população sem a presença de um guarda para manter a ordem e zelar pela preservação do patrimônio público.  Com o tempo (não muito longo) o local começa ser abrigo de pessoas mal intencionadas e sem um projeto para a vida, que afugentam as famílias e danificam os bens. Quando chega nesse estágio então se diz que a população não cuida das praças. Ora, quem recebeu poder para fazer enfrentamentos da marginalidade é o Poder Público e não a população.  Quem vai se indispor com um marginal? Se isso acontecer, quem lhe dará proteção depois?
Penso que a população deve cuidar das praças no sentido de não danificar, de orientar os filhos a respeitar o local, as plantas e os bens. Não consigo imaginar a população sendo responsável por proteger a praça do ataque dos vândalos. Quem tem que enfrentar os vândalos é o Poder Público através de pessoas treinadas e credenciadas para isso.
É discurso comum e suponho que todos concordam que, numa família, a presença dos pais é fator de bem estar para os filhos. Pais presentes (uma presença de boa qualidade) dá segurança, acalma e ajuda nos estudos.
Quando o Poder Público está presente as filas ficam organizadas, as pessoas se respeitam mais, os investimentos duram mais tempo, há menos acidentes, menos gastos com reparos,  mais prazer em participar e até mais coragem para denunciar os erros.
O Rio de Janeiro mostrou isso claramente. Com a ausência do Poder  Público as favelas se tornaram antros de drogas e crimes. Com a  sua presença a esperança voltou a sorrir para os  habitantes.
Proteger um espaço público da ação dos vândalos é uma forma de educar a população e de atrair investimentos na cidade. Estar presente em uma comunidade é uma forma de investir nessa comunidade.
Por que não acontece? O que pensa o leitor?  

Antonio Sales          profeslaes@hotmail.com

Nova Andradina, 19 de fevereiro de 2013.

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