O professor,
fequentemente, é chamado para explicar o baixo rendimento dos seus alunos, o
pouco interesse demonstrado por eles. Enfim, explicar o fracasso da educação
brasileira. É como se ele tivesse que dar conta de todas as variáveis que
interferem no processo de ensino e, por extensão, na educação brasileira.
Não sou contra pedir
explicações e justificativas. O gestor tem o direito de fazer isso. O pai tem o
direito de fazer isso. O professor tem o
direito de fazer isso.
Quem é assalariado tem
que explicar por que não cumpriu a parte que lhe cabia executar. O filho deve
explicações ao pai quando tira notas baixas ou deixa de executar uma tarefa que
lhe foi atribuída. O aluno deve explicações ao professor quando desrespeita
normas estabelecidas para a sala de aula.
Procurar saber como o
processo está se desenvolvendo é necessário
O governante deve
explicações à população sobre a sua
administração. É a lei da transparência na gestão pública.
Portanto, como se vê,
não sou contra pedir explicações, exigir prestação de contas. O problema, no
meu entender, é o objetivo com que se faz isso. Pedir esclarecimentos é uma
coisa, pedir para alguém “ se explicar” é outra coisa, é partir do pressuposto
de que houve má intenção.
Pedir explicações para
entender e resolver um problema é uma coisa, pedir explicações para
culpabilizar é outra coisa. Partir do pressuposto de que algo não está bem e
pode ser melhorado é uma coisa. Partir do pressuposto de que não deu certo por
incompetência do outro é outra coisa. Um
pai que pede explicações sobre o comportamento do filho para se isentar de dar
a devida atenção ao mesmo ou assumir a paternidade (compromisso com o filho),
está falhando com o seu dever de pai. Um professor que pede explicações ao
aluno, sobre o seu comportamento, apenas para “lavar as mãos” ou dizer “é por
isso que não consigo produzir” está falhando como profissional.
Pede-se explicações
para dizer: há algo que eu possa fazer para ajudá-lo a resolver o problema? Se
você não está conseguindo resolver sozinho já pensou em como poderia ser
ajudado para que a tarefa possa ser
cumprida a contento? Você tem uma proposta ou quer que eu apresente uma
proposta? Explique o que sente ou o que vive para eu me situar no problema. Se
eu apresentar uma proposta alternativa você assume? Se eu me dispuser a
colaborar qual será a sua contrapartida?
A visão de educação que
predomina entre os gestores que vivem pedindo explicações ao professor é a de
que em havendo ensino há obrigatoriamente aprendizagem. É uma visão
questionável porque há quem aprenda sem ensino e há quem não aprenda mesmo com
ensino. Há aprendizagem quando há envolvimento, quando há estudo. (Oportunamente
discutiremos o que é estudar em Matemática).
Na escola o professor
tem que explicar porque o aluno não aprende por estar imerso no mundo das
drogas. É como se o professor tivesse que se responsabilizar por desse desvio
de comportamento. Nesse caso, a explicação solicitada deveria ser para diganosticar o problema e buscar soluções e não para pressionar o
professor.
Professor tem que
explicar quando não cumpre a sua parte, quando não busca alternativa, mas não
tem que explicar porque o aluno não aprende. Entendo que o professor deve sim
explicar-se, mas deve explicar porque permanece usando uma didática
ultrapassada, porque vai para os cursos de formação continuada com a “cabeça
fechada”, isto é, pouco disposto a aprender e a ver a educação com outro olhar.
Antonio Sales profesales@hotmail.com
Nova Andradina, outubro
de 2012
Como sempre, sabias palavras!
ResponderExcluirInfelizmente ainda nos encontramos inseridos em um contexto onde procura-se culpados e não soluções.
Olá amigo Neto. É isso mesmo, buscar culpados não resolve os problemas da educação. Temos que buscar quem está disposto a se resposnbilizar, fazer parcerias, etc.
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