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domingo, 11 de novembro de 2012

EXPLIQUE-SE, PROFESSOR




O professor, fequentemente, é chamado para explicar o baixo rendimento dos seus alunos, o pouco interesse demonstrado por eles. Enfim, explicar o fracasso da educação brasileira. É como se ele tivesse que dar conta de todas as variáveis que interferem no processo de ensino e, por extensão, na educação brasileira.
Não sou contra pedir explicações e justificativas. O gestor tem o direito de fazer isso. O pai tem o direito de fazer isso. O professor tem  o direito de fazer isso.
Quem é assalariado tem que explicar por que não cumpriu a parte que lhe cabia executar. O filho deve explicações ao pai quando tira notas baixas ou deixa de executar uma tarefa que lhe foi atribuída. O aluno deve explicações ao professor quando desrespeita normas estabelecidas para a sala de aula.
Procurar saber como o processo está se desenvolvendo é necessário 
O governante deve explicações à população  sobre a sua administração. É a lei da transparência na gestão pública.
Portanto, como se vê, não sou contra pedir explicações, exigir prestação de contas. O problema, no meu entender, é o objetivo com que se faz isso. Pedir esclarecimentos é uma coisa, pedir para alguém “ se explicar” é outra coisa, é partir do pressuposto de que houve má intenção.
Pedir explicações para entender e resolver um problema é uma coisa, pedir explicações para culpabilizar é outra coisa. Partir do pressuposto de que algo não está bem e pode ser melhorado é uma coisa. Partir do pressuposto de que não deu certo por incompetência do outro é outra coisa.  Um pai que pede explicações sobre o comportamento do filho para se isentar de dar a devida atenção ao mesmo ou assumir a paternidade (compromisso com o filho), está falhando com o seu dever de pai. Um professor que pede explicações ao aluno, sobre o seu comportamento, apenas para “lavar as mãos” ou dizer “é por isso que não consigo produzir” está falhando como profissional.
Pede-se explicações para dizer: há algo que eu possa fazer para ajudá-lo a resolver o problema? Se você não está conseguindo resolver sozinho já pensou em como poderia ser ajudado para que a tarefa possa  ser cumprida a contento? Você tem uma proposta ou quer que eu apresente uma proposta? Explique o que sente ou o que vive para eu me situar no problema. Se eu apresentar uma proposta alternativa você assume? Se eu me dispuser a colaborar qual será a sua contrapartida?
A visão de educação que predomina entre os gestores que vivem pedindo explicações ao professor é a de que em havendo ensino há obrigatoriamente aprendizagem. É uma visão questionável porque há quem aprenda sem ensino e há quem não aprenda mesmo com ensino. Há aprendizagem quando há envolvimento, quando há estudo. (Oportunamente discutiremos o que é estudar em Matemática).
Na escola o professor tem que explicar porque o aluno não aprende por estar imerso no mundo das drogas. É como se o professor tivesse que se responsabilizar por desse desvio de comportamento. Nesse  caso,  a explicação solicitada deveria ser  para diganosticar o problema e  buscar soluções e não para pressionar o professor.
Professor tem que explicar quando não cumpre a sua parte, quando não busca alternativa, mas não tem que explicar porque o aluno não aprende. Entendo que o professor deve sim explicar-se, mas deve explicar porque permanece usando uma didática ultrapassada, porque vai para os cursos de formação continuada com a “cabeça fechada”, isto é, pouco disposto a aprender e a ver a educação com outro olhar.
Antonio Sales  profesales@hotmail.com
Nova Andradina, outubro de 2012

2 comentários:

  1. Como sempre, sabias palavras!
    Infelizmente ainda nos encontramos inseridos em um contexto onde procura-se culpados e não soluções.

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  2. Olá amigo Neto. É isso mesmo, buscar culpados não resolve os problemas da educação. Temos que buscar quem está disposto a se resposnbilizar, fazer parcerias, etc.

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