Durante muito tempo
ouvi críticas a alguns professores ou gestores que resolviam premiar os alunos
fortes em determinadas disciplinas. “Alunos fortes” ou “alunos fracos”, neste
texto, são referências a alunos com notas altas ou notas baixas. As escolas na
região onde moro classificam os alunos em fortes ou fracos pelas notas.
Essas críticas às
eventuais premiações dos alunos fortes me deixavam confuso. As razões
apresentadas ora pareciam fazer sentido e ora pareciam não fazer sentido.
Nunca me posicionei
sobre isso exatamente por causa das minhas dúvidas. Passei muito tempo
observando o que se passava nas escolas e comparando com os discursos favor
contra ou a favor das premiações. Não foi uma observação sistemática, logo, não
se trata de uma afirmação científica.
Em um ponto devo
admitir que os críticos da premiação têm razão. Quando eles dizem que premiar
os fortes não incentiva os fracos a estudar, parece ser verdade. Os alunos
fracos normalmente devem a sua deficiência à falta de autodisciplina, a algum
projeto pessoal que não se adequa ao projeto da escola ou a problemas
(familiares, de saúde, emocionais, etc.) gerados fora da escola e sobre os
quais a escola, fragilizada como está, tem pouco ou nenhum controle. Dessa
forma, parece verdadeiro afirmar que premiar os fortes não estimula os fracos.
Apesar dessa
constatação, empírica e não sistemática, atualmente sou favorável à premiação dos
alunos fortes porque me parece que a falta de autodisciplina é mais contagiante
do que a presença dela. Diante disso, considero importante estimular os que se
esforçam, os que lutam e superam. Se esse gesto não estimula os outros também
não lhes dá o direito de dizer que não vale a pena se esforçar. Se não cura os “doentes”,
pelo menos, oferece resistência aos “sãos”.
A escola da região onde
eu vivo não oferece estímulo ao aluno forte. O “prêmio” que lhe confere é o
direito de ficar livre da escola mais cedo no final do ano. Um “prêmio às
avessas”. O aluno forte deveria ter um
atendimento melhor, um estímulo para permanecer na escola. A escola deveria ter
um programa de acompanhamento escolar para os fracos e um programa de
aprofundamento escolar para os fortes, um programa que os estimulasse a ficar
na escola mais tempo pesquisando e discutindo (ou praticando) ciência, política,
filosofia, artes, esportes, etc. No
final do ano, enquanto os outros se preparam para os exames finais, eles
deveriam ter visitas de estudo a shoppings, outras cidades, parques, universidades
(onde os acadêmicos fortes seriam os guias turísticos), eventos, escolas (para conhecer
e entrevistar outros alunos fortes) ou outros locais importantes da região. Essas visitas gerariam relatórios para debates
na escola e assuntos para conversas proveitosas nas redes sociais
Presenciei, na
universidade onde trabalho, como a bolsa PIBID, que oferece oportunidade do
aluno permanecer mais tempo no ambiente estudantil e ter contato com o campo de
trabalho, produziu bem-estar em muitos estudantes, contribuiu para discutir
questões profissionais e para a elaboração de Trabalhos de Conclusão de Curso
bem amadurecidos.
Antonio Sales
Nova Andradina, MS, 02
de dezembro de 2012.
Concordo com as observações do ilustre professor. No entanto o problema que identifico é que uma porcentagem considerável dos alunos fortes, similarmente aos alunos fracos, tendem a ver o ambiente escolar como um lugar não tão prazeiroso quanto os passeios particulares e círculo de amigos que este possui. Uma possível solução, claro que sem fundamentação científica porém observatória, seria a transformação deste ambiente, o que traria benefícios como o mencionado na publicação, melhor aproveitamento letivo do aluno e principalmente, ânsia de frequentar um ambiente ao qual este se sinta estimulado a participar, independete de o fazer para assistir aulas ou mesmo para executar atividades N, mas isso me parece assunto para um próximo post.
ResponderExcluirMais uma vez parabéns por nos proporcionar uma ótima leitura para reflexão.
Você tem razão colega Neto. A escola está programada para dar atenção ao aluno fraco, talvez como uma forma de assumir a culpa por não ter feito o melhor.
ResponderExcluirNós professores não sabemos sair da rotina, não temos autonomia para pensar diferente e propor uma aula desafiadora para o aluno forte. Sabemos apenas repetir o que já foi feito. Isso não ajuda o aluno fraco quando vem para a aula de complementação ou reforço,ele "aprende" por repetição, e não atrai o aluno forte.
Já tive algumas experiências de sucesso com alunos fortes.
Obrigado pela participação