A ciência médica tem
feito considerável progresso no que diz respeito à reprodução humana assistida.
Casais que não conseguiam ter filhos hoje conseguem tê-los. Ciência é para isso
mesmo: nos proporcionar qualidade de
vida.
Hoje quero falar de uma
outra reprodução assistida. Estou pensando na formação profissional. Penso que
formar um profissional é uma reprodução assistida. Ele vai se constituindo
enquanto aprende com os seus mestres. Mestres que se mantêm em processo de
aprendizagem formam profissionais com
vocação para o aprendizado. Mestres obsoletos tendem a formar profissionais
obsoletos. Mestres inovadores, ousados, autônomos contribuirão para formar
profissionais inovadores, ousados e
autônomos. Uma questão de “genética” social, também denominada imitação.
A gestação de um
profissional na área acadêmica é mais longa do que a gestação de uma criança e
o útero é a universidade. A universidade precisa ser arejada com ideias
inovadoras, precisa correr em suas “veias” sangue constamente oxigenado pelas novas teorias.
Precisa passar pela crítica do fazer pelo fazer. O professor universitário, especialmente
o professor de licenciatura, não pode ser um “tijolo voador”.
Pensemos agora na
gestação de um professor. Ele passa quatro anos sendo submetido a um regime
escasso em oxigênio. Por que afirmo isso?
Tenho observado que na
sala de aula repetem-se frequentemente aos seus ouvidos velhas concepções de
escola e aluno, concepções já há muito superadas, e crenças sobre o estudo que já não mais
deveriam existir.
Ainda se acredita que
se aprende resolvendo muitos exercícios,
apresentados apenas com o objetivo de “fixar” e não de compreender. Exercícios
que exigem repetição e, quase sempre,
pouco estimulantes do raciocínio.
A concepção de que
basta saber o conteúdo para ser
professor ainda está sendo defendida por muitos. A comunicação do
professor com o quadro ainda está presente. Ainda se ensina partir de
definições a priori.
Dessa forma, o
acadêmico é exposto à metodologia da reptição, ao ato de memorizar e repetir na
prova. Ainda está copiando do quadro quando já é possível não mais perder tempo
com cópias. Ainda está seguindo modelos quando há muito se propõe que deve ser
ensinado a pensar.
Enfim, o acadêmico de
licencitura ainda é exposto a uma metodologia de oitenta anos atrás (ou mais).
Quando ele se forma, quando nasce como profissional, com que idade ele nasce?
Sua constituição profissional é de que época?
Nova Andradina, 23 de
maio de 2012.
Antonio Sales profesales@hotmail.com
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