Escrevi no texto sobre a mulher que o mundo masculino é coisificado, objetivado, e que o mundo da mulher é pessoal. Se pararmos por aqui ficará a impressão oposta à de Pitágoras. Concluiremos que o homem foi uma projeção diabólica e a mulher um projeto divino.
A realidade é que os dois se complementam, são os dois hemisférios de uma esfera. O homem, segundo Tournier (1988), pode e deve aprender com a mulher a povoar o seu mundo com pessoas e a mulher e deve aprender como o homem a objetivar o seu mundo, quando necessário.
Todos sabem que não se cura apendicite personificando a doença. É preciso a frieza do bisturi do cirurgião para deter o processo inflamatório. Não se aprende anatomia humana acariciando os cadáveres ou discutindo de quem eram, mas dissecando-os. Não se faz ciência com sentimentos, mesmo que se trate de psicologia ou psiquiatria. Não basta um ombro amigo para chorar. É preciso ação racional para resolver certos problemas. Muitas vezes é preciso um choque de coisificação do sujeito para que ele assuma o controle das suas emoções e resolva o seu próprio problema. Mais do que orar por um doente, é preciso agir. Além de acariciar um filho é preciso ensinar-lhe as regras sociais e uma profissão.
Por outro lado o homem tem muito a aprender com a mulher sobre a personificação das coisas. Não é preciso mudar o mundo para isso, “basta que mudemos a nós mesmos”, diz Tournier.
Quais as vantagens desse povoamento do nosso mundo pessoal de pessoas e não de coisas? As relações entre as pessoas ficam mais suportáveis. As amizades são mais afetivas, mais próximas. A coisificação do ser humano pode produzir monstros, levar à produção de homens-bomba.
O problema é que durante séculos o mundo foi masculino, a ciência foi masculina, a mulher foi cosificada, o homem foi reificado (uma forma elegante de dizer coisificado).
A mulher, diz Tournier(1988), foi coisificada como objeto sexual e hoje é coisificada como objeto de ornamento, de charme e de prestígio.Tornou-se escrava da beleza e da magreza. Tornou-se objeto de exploração econômica por parte de profissionais do ramo da beleza.
A mulher, diz Tournier(1988), foi coisificada como objeto sexual e hoje é coisificada como objeto de ornamento, de charme e de prestígio.Tornou-se escrava da beleza e da magreza. Tornou-se objeto de exploração econômica por parte de profissionais do ramo da beleza.
O homem foi coisificado ou reificado como o lógico, o objetivo, o quantificador.
É preciso que homens e mulheres se complementem. Não se trata, na perspectiva de Tournier, de uma complementação exterior onde o homem representa a força e a mulher a beleza, onde o homem representa a lógica e a mulher os sentimentos, mas uma complementação interior onde o homem se torna mais pessoa, sem deixar de ser lógico, e a mulher se torne mais lógica sem abandonar os sentimentos.
É preciso que homens e mulheres se complementem. Não se trata, na perspectiva de Tournier, de uma complementação exterior onde o homem representa a força e a mulher a beleza, onde o homem representa a lógica e a mulher os sentimentos, mas uma complementação interior onde o homem se torna mais pessoa, sem deixar de ser lógico, e a mulher se torne mais lógica sem abandonar os sentimentos.
É essa complementaridade que Tournier deseja que alcancemos quando afirma que a missão da mulher é tornar o mundo mais pessoal, isto é, ensinar o homem a ser pessoa.
Campo Grande, 18 de março de 2012.
Antonio Sales profesales@hotmail.com
Referência
TOURNIER, Paul. A Missão da Mulher. São Paulo: Vértice; Editora dos Tribunais, 1988.
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