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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O PROFESSOR NÃO FAZ PARTE DO PROCESSO?

Em nossa experiência como formador de professores, tendo contato direto com a categoria em cursos de “formação continuada” ou projetos de extensão, temos percebido uma tendência quase generalizada do professor não se ver no contexto.
Sempre é o aluno, a família, o sistema, a gestão escolar e a sobrecarga de trabalho que atravancam o seu trabalho. Tem-se a impressão de que ele se sente  um observador de arquibancada que torce pela vitória de um time, mas que sabe que a vitória não depende dele e que nunca o chamarão para entrar em campo.
Ouvi certa vez a palestra de um acadêmico de medicina sobre o estresse.  Ele nos aconselhou a ir a um estádio assistir a uma partida de futebol  e  “por para fora” todo nosso estresse gritando, xingando e abanando as mãos. Não concordo com ele, mas fico com a impressão de que a maioria dos professores concorda e que eles vão aos cursos de capacitação para esbravejar, buscar culpados e “lavar a alma”.
Quando é  proposto um debate sobre a sua atuação, ou postura profissional, ele envolve o aluno e nunca se vê no processo. É como se já tivesse sido condicionado pelo aluno, é escravo do aluno, é este quem manda nele. Se o debate é sobre é sobre ética, o aluno é o culpado da sua falta de ética ou o dificultador de sua aprendizagem sobre ética. Se o debate é sobre didática, novamente o aluno entra em cena boicotando todas as suas boas intenções. Se é cobrado sobre algum resultado então o sistema não lhe valoriza.
Quando se pergunta sobre o que ele tem feito a resposta é o silencio, na maioria das vezes. Quando solicitado a fazer  uma experiência e registrar o processo para fins de análise ou para prestar contas aos gestores e mostrar a importância da sua ação, a resposta é, quase sempre, uma evasiva.
Minhas perguntas:
  1. Quando um professor vai se ver como profissional?
  2. Quando elevai entender que foi posto ali para cumprir um papel específico e que esse papel não é buscar culpados?
  3. Quando ele vai entender que toda profissão tem seus reveses, que os pais estão com as mesmas dificuldades que ele e que ao invés de buscar culpados deveria buscar parcerias?
  4. Quando vai perceber que para buscar parcerias tem que ter propostas? Que ninguém ajuda quem não sabe para onde vai?
  5. Quando vai entender que para ter propostas tem que se ver no processo? Que esse aluno que ele tem é o único aluno que ele tem e que ele foi posto ali para contribuir para a formação desse aluno?
Prof Antonio Sales                                          profesales@hotmail.com

2 comentários:

  1. Prof. Sales, concordo plenamente com o Senhor e suas perguntas são pertinentes, não sei se estou tão longe assim, mas quando estava em sala de aula sempre defendi que nos somos mediadores e temos que deixar os alunos construirem os seus saberes.
    LIBERTADE INTELECTUAL PARA OS ALUNOS

    A filosofia deweyana remete a uma prática docente baseada na liberdade do alunos para elaborar as próprias certezas, os próprio conhecimento, as próprias regras morais. Isso significa não reduzir a importância do currículo ou dos saberes do educador. Para Dewey, o professor deve apresentar os conteúdos escolares na forma de questão ou problemas e jamais dar de antemão respostas ou soluções prontas. Em lugar de começar com definições ou conceitos já elaborados, deve usar procedimentos que façam os alunos raciocinar e elaborar os próprios conceitos para depois confrontar com o conhecimento sistematizado. Pode-se afimar que as teorias mais modernas da didática, como o construtivismo e as bases teóricas dos PCNs, tem inspiração nas idéias do educador.

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