Marcia Dias Lopes seria mais uma entre os tantos alunos e alunas que tiveram aula comigo. Mas ela é diferente pelo seu otimismo, pelo sorriso contagiante, pela crença no ser humano, pelo espírito de reconhecimento e pela aposta nos seus alunos. Foi minha aluna no curso de Matemática da Universidade para O Desenvolvendo do Estado e da Região do Pantanal (UNIDERP). Já era madura, mãe e trabalhava como bancária.
Meus pressupostos eram que a Marcia estudava para ter um diploma, por gostar de estudar, mas não para ser professora. Na época do Estágio Supervisionado tive pressentimentos (falsos pressentimentos) de que ela teria horror pela sala de aula e faria o estágio apenas para cumprir um requisito obrigatório. Terminado o curso ela abominaria a profissão e continuaria trabalhando no banco.
Enquanto estagiava a sua colega (o estágio era feito em duplas) disse-me: “professor, o senhor precisa ver o entusiasmo da Marcia. Parece que ela se encontrou”.
E se encontrou mesmo porque deixou o Banco e se tornou professora na Rede Municipal de Campo Grande, MS.
Após a formatura perdi o contato com a Marcia. Não sabia da sua escolha e onde encontrá-la. Neste ano de 2011 (já nem sei precisar quantos anos se passaram) eis que a Marcia aparece na minha frente no Instituto de Previdência de Campo Grande, MS.
O mesmo sorriso, o mesmo entusiasmo a mesma simpatia, as mesmas crenças e um profundo carinho pelo mestre. Foram momentos de enlevo. A sua grandeza de alma enobreceram aqueles momentos.
Prometi-me manter contato ela. Há muito a aprender e se contagiar com a Marcia. O entusiasmo com que ela fala do seu trabalho, do seu esforço para contagiar os seus alunos com o “germe” do estudo e do gosto pela matemática redobra o meu ânimo, faz –me acreditar que ainda há esperança.
Ultimamente ele enviou-me um texto que, com a sua permissão, brindo o meu leitor.
Sales
Escola Municipal Nazira Anache
Capacitação de Professores – CAP Data: 26/07/2011
Profª: Marcia Dias Lopes
Trabalho: Leitura e opinião a respeito do texto da Revista Nova Escola
Lição eficiente requer planejamento*
Em minha formação acadêmica e, agora em minhas capacitações sempre tive um interesse muito especial quanto a esse assunto, planejamento das ações realizadas dentro da sala de aula. Quando falo em planejamento não apenas me refiro a um mero preenchimento de um pré-requisito exigência da coordenação da escola, mas sim um verdadeiro compromisso com o trabalho que deve ser feito. Não só apenas quanto ao conteúdo a ser apresentado, exposto e explicado com o objetivo de que o aluno venha a conhecer, registrar, entender aquele conceito e possa aplicá-lo. Planejamento de uma aula também requer em primeiro lugar que você professor procure o mais rápido possível conhecer seu aluno e então, também, desenvolver em sala de aula a promoção desse aluno não apenas naquela área em que atua, mas muito mais do que isso, que esse aluno venha a se desenvolver de modo a adquirir uma nova postura, um novo comportamento, um olhar diferenciado em relação às coisas e as pessoas que o rodeiam. Principalmente um melhor entendimento sobre suas próprias atitudes não só em relação a si próprio como com os colegas, e todas as pessoas que se envolvem nesse processo chamado de ensino aprendizagem. Esse trabalho é individualizado, eu como professor, tenho que planejar qual vai ser minha atitude diante das atitudes erradas que determinado aluno vem apresentado. E muitas vezes, ele deve ser direcionado a um grupo de alunos ou até mesmo a um tipo de comportamento adotado pela turma toda e que não esteja apresentando um resultado adequado ou esperado. Portanto, planejar requer dedicação ao ser humano que ora se desenvolve e que, nós professores, temos muito a contribuir.
Hoje, as escolas de certa forma estão assumindo o papel da família e os educadores o papel dos pais. A criança cada dia mais apresenta esta carência familiar com sérios problemas de comportamento os quais interferem diretamente na eficiência do trabalho que antes, em outro tempo, era desenvolvido pelo professor, que era apenas ensinar os conceitos inerentes á sua área de trabalho. E, nesse tempo o papel da família ainda se sustentava em princípios religiosos e morais que davam mais estabilidade na vida conjugal de um casal, onde quem provia era o homem, mas quem sustentava a união da família era a mulher. Papel, esse que começou a mudar, desde a revolução industrial nos grandes centros urbanos e, foi se espalhando pelo mundo todo. O acesso a opiniões mais diversas a disposição de quase toda a população pelos meios de comunicação e pela revolução tecnológica atingiu profundamente o pensamento feminino que deixou de ser exclusivamente maternal voltado para a família. A mulher tornou-se junto com o homem provedor, portanto, o seu papel submisso ao marido e aos filhos foi direcionado a outros aspectos de sua própria existência como ser humano.
E, é aí que entra o novo papel do professor na sociedade. E esse papel se intensifica na medida em que se intensifica o comportamento imposto pelo capitalismo e o pensamento liberal nos quais são ridicularizados e até mesmo esquecidos os valores que realmente norteiam e enraízam a sociedade ainda hoje.
*Nova Escola. Lição de Casa. ano XXVI. nº 243. junho/julho 2011.
Lição eficiente requer planejamento. pg. 46.
Lição eficiente requer planejamento. pg. 46.
Salles
ResponderExcluirFico muito feliz que a idéia desse blog tenha sido posta em prática e que vc. aqui recupere falas de professores apaixonados pela nossa profissão.
Vamos investir e valorizar em quem acreedita na educação e na ética
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