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domingo, 15 de junho de 2014

DIFICULDADES PARA A MUDANÇA NA PRÁTICA DOCENTE

É possível identificar muitos fatores que dificultam ao professor proceder uma mudança na sua prática pedagógica. Alguns fatores são externos a ele e por isso mais difíceis de serem controlados. Outros, no entanto,  são internos a ele e, supostamente, seriam mais fáceis de serem controlados .
O fator que consideramos hoje é a alienação da ignorância. O termo é atribuído a Freire que afirma que na concepção do professor  o aluno nunca sabe nada e ele, o professor, sabe tudo. Diz Freire que quando se atribui ao outro a ignorância, quando ocorre a alienação da ignorância, não se encontra motivo para melhorar.
Freire identifica nesse ato uma demonstração  de dominação, onde o  professor se coloca no meio do problema como  superior aos outros e não tendo responsabilidade na sua solução.
Costuma não ser produtivo centrar-se no problema como sendo parte dele, culpar-se por ele, mas também não tem sido  produtivo afastar-se como não tendo parte na sua solução.
O professor precisa sentir-se parte da solução do problema.
Nova Andradina, 15 de junho de 2014

Antonio Sales

sábado, 7 de junho de 2014

O TER E O QUERER




Há diferenças entre o que vejo e o que queria ver, em termos de comportamento humano (e em outros aspectos da vida também). Há diferenças entre o humano que atendo e o que queria atender, entre o aluno que tenho e o aluno que queria ter, a família que o meu aluno tem e a família que eu gostaria que ele tivesse. Há diferenças entre a escola onde trabalho e a escola onde gostaria de trabalhar, o professor que tive ou tenho e o professor que gostaria de ter.
Não é fácil viver com essa diferença entre o disponível e o desejável. A situação fica mais difícil se esperamos que os outros promovam a mudança. Mais difícil ainda se esperamos que os outros tenham a receita, que exista uma mágica, que as coisas aconteçam por si mesmas ou que nos digam que estamos sempre certos.
 Viver nesse meio de caminho, sem definir que ações realizar para aproximar os dois extremos e seguir uma rotina discursiva e laboral, já tantas vezes repetidas infrutiferamente, não me parece ser uma vida desejável.
Não sei o que vale mais a pena: pagar o preço de uma decisão, com riscos de fracasso, de tentar mudar a rotina ou aceitar a derrota ou repetir o discurso e as ações de tantos outros que não saíram da mediocridade? Qual atitude nos trará menos sofrer?
Fazer é correr o risco de errar (ou de acertar)  e implica em estar disposto a aceitar o possível fracasso ou administrar sabiamente  a possível vitória. Não fazer é admitir que tudo está bom ou submeter-se bovinamente a um sistema falido e admitir a incapacidade para lutar.
Admitir o fracasso a priori, assumir a incompetência para o diálogo, temer defrontar-se com a verdade e saber-se perdedor irreparável parece-me mais cômodo. Pensar a possibilidade de mudança ainda que em longo prazo, alimentar esperança e acalentar sonhos  com as mangas arregaçadas não nos parece fácil. Manter os músculos tensos e dispostos  para a luta, mas com a cabeça aberta a novas ideias, com disposição para o diálogo, com paciência para semear na expectativa de que outros colherão os resultados, não tem sido uma tarefa empreendida por muitos. Aceito que não é fácil mesmo.
A diferença entre o querer e o possível, entre o desejado  e o existente, é um fato concreto, plenamente palpável, mas é, também, um fato mental, uma disposição de espírito.  É no âmbito das ideias que as distâncias se ampliam.
Campo Grande, 22 de janeiro de 2013.
Antonio Sales                                                                profesales@hotmail.com