Translate

sexta-feira, 4 de abril de 2014

PALAVRAS DE UM SÁBIO E COMPROMETIDO



Giuseppe Peano [1858-1932] foi um matemático italiano que deixou uma importante marca na organização do conhecimento matemático. Ele estruturou o conjunto dos números naturais a partir de cinco axiomas, sendo o quinto deles o fundamento da indução finita.
Segundo a Wikipédia ele foi “Autor de mais de 200 livros e artigos, ele foi um dos fundadores da lógica matemática e da teoria dos conjuntos, para as quais ele também contribuiu bastante da notação”.
Fez carreira como professor de Matemática na Universidade de Turim, foi agraciado com nada menos do que catorze honrarias e trabalhou até o dia da sua morte resultante de um ataque cardíaco.
Bruno D´Amore credita a esse extraordinário pensador o seguinte:
“ A diferença entre nós e os alunos que se encontram sob nossa responsabilidade está apenas no fato de que nós já percorremos um trecho mais comprido na parábola da vida. Se os alunos não entendem,  a culpa é do professor que não sabe explicar. Também não vale culpar as escolas dos anos anteriores. Precisamos aceitar os alunos como são e fazer com que lembrem o que esqueceram, ou estudaram sob outra nomenclatura. Se  o professor atormenta  os seus alunos, e em lugar de conquistar o seu amor, estimula ódio contra si mesmo e a ciência que ensina; não apenas o seu ensinamento será negativo, mas ter que conviver com tantos  pequenos inimigos será para ele um tormento contínuo”.
Esse pensador não aceitava desculpas de que o aluno não aprendia porque chegava sem saber. Ele não buscava culpados ou desculpas. Assumia a sua responsabilidade no processo.
Embora tenhamos que admitir que os tempos eram outros e que, talvez,  os poucos alunos que chegavam à escola eram mais interessados, parece que não era esse o fator que ele discutia ou que o preocupava. Parece também que ele já convivia com colegas de trabalho que se desculpavam do pouco resultado obtido alegando que o aluno chegava sem saber. É possível deduzir que tivesse ouvido a frase tantas vezes repetida em nossos dias: “eles não querem nada”.
No entanto, ele ia  direto ao assunto: não é porque ele chegou assim que você tem o direito de deixá-lo como está. Você existe para fazer a diferença nesse processo. Você precisa mostrar que se o outro professor não conseguiu ensiná-lo, você pode fazer melhor.

Nova Andradina, 26 de março de 2014.
Antonio Sales

Referência
D´AMORE, Bruno. Elementos de Didática da Matemática. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2007, p. 57.

Nenhum comentário:

Postar um comentário