Meus
textos são opinativos. Escrevo para provocar reflexões. Destaco aquilo que me
incomoda na educação e aquilo que ouço as pessoas falarem porque julgo que
as incomoda também.
Esta
noite estava assistindo a TV Câmara. O debate era sobre educação e envolvia o
deputado Chico Lopes (PC do B/ PI) e o professor Moaci coordenador do Instituto de Estudos Interdisciplinares
de Brasília. Este último é autor de 22 livros analisando a legislação brasileira
sobre a educação.
O foco do
debate era o ensino médio, mas o deputado enfatizava que o problema começa
antes. Em sua opinião o ensino médio está ruim porque o aluno chega lá despreparado.
O debate
incluiu o preparo do professor que, na realidade, não está preparado para a
conjuntura atual. E o deputado enfatizou ainda a questão da verba destinada para
a educação e ambos concordavam que é pouca. Ambos, no meu entender, tocaram de
leve no verdadeiro problema da qualidade na educação quando falaram que a
família delegou à escola a tarefa de educar a filhos.
Tudo que
falaram é importante e estou em pleno acordo, exceto em relação a este último
item.
Entendo
que a família não entregou o filho para a escola educar, ela entregou-o ao Estado (a escola é o Estado ao seu alcance). Ela entregou-o ao Estado por que
este lhe disse que ela não sabe educar. As leis proíbem-na de educar do modo como
ela sabia fazer e não há orientação sobre uma nova proposta que funcione. Nem tudo o
que se fazia estava errado, mas agora está errado por definição. Ela não pode
mais se impor ao filho porque será denunciada ao conselho tutelar e, por
extensão, ao promotor.
É certo
proteger a criança e o adolescente, mas
penso não ser prudente impedir a família de corrigi-lo sem dar a ela a devida
assistência.
Fazem-se
leis, mas não são dadas às pessoas as
condições (orientações, propostas) de cumpri-las. A família perdeu o poder, a escola perdeu o poder e as autoridades querem
quer elas eduquem. E como se tirássemos o ponto de apoio e disséssemos a
Arquimedes: levante o mundo só com a alavanca.
Em
algumas salas de aula dois ou três alunos dispostos a desrespeitar o professor
são suficientes para atrapalhar o estudo dos outros trinta ou mais. Em muitas slas de aula, cerca de trinta alunos perdem o ano por causa de dois ou três que estão na
escola mais para fazer “gracinhas” e incomodar.
O aluno
chega à sala, faz gracejos, solta pilhérias, ofende os outros, diz palavrões, e
quando o professor intervém ele desafia: "manda eu para fora da sala”.
Ele faz isso porque sabe que o diretor o mandará de volta para continuar a perturbar a aula e sabe também que se o diretor não fizer o promotor o fará.
Ele faz isso porque sabe que o diretor o mandará de volta para continuar a perturbar a aula e sabe também que se o diretor não fizer o promotor o fará.
Essa
situação, se criada por um dispositivo legal ou pela interpretação equivocada
dele não sei, tirou dos pais e da escola o poder para ordenar a vida dos
jovens, de discipliná-los. Tirou da família e da escola o poder de agir sobre
quem mais precisa de orientação e controle. Não há nem mesmo como "impor"
respeito pela autoridade porque ele desconhece a autoridade, ele desafia essa
autoridade. É contra ela que ele se manifesta apoiado na benesse legal,
embasado na teoria de que o jovem é sempre a vítima. Há, sem dúvida, muitas
vítimas e poucas exceções, mas são essas exceções que estão causando transtornos
e fazendo muitas vítimas.
Essa
situação dificulta a melhoria da educação porque esse aluno que vai à escola
para mostrar o seu poder de
enfrentamento da autoridade não permite que o estudo possa fluir, que os
trabalhos em grupo possam se desenvolvidos, que o ambiente seja favorável ao estudo.
Esse
aluno prejudica a aprendizagem dos outros, tira a tranquilidade de trabalho do
professor e provoca desperdício do dinheiro público que é investido na educação.
Portanto, no me entender, não basta investir dinheiro é preciso “empoderar” o professor e a família. Primeiramente deve-se orientar a escola e a família que ficaram desorientadas, depois permitir que tomem decisões e oferecer respaldo para essas decisões.
Portanto, no me entender, não basta investir dinheiro é preciso “empoderar” o professor e a família. Primeiramente deve-se orientar a escola e a família que ficaram desorientadas, depois permitir que tomem decisões e oferecer respaldo para essas decisões.
Nova
Andradina 06 de dezembro de 2012.
Antonio
Sales profesales@hotmail.com