Em nossa experiência como formador de professores, tendo contato direto com a categoria em cursos de “formação continuada” ou projetos de extensão, temos percebido uma tendência quase generalizada do professor não se ver no contexto.
Sempre é o aluno, a família, o sistema, a gestão escolar e a sobrecarga de trabalho que atravancam o seu trabalho. Tem-se a impressão de que ele se sente um observador de arquibancada que torce pela vitória de um time, mas que sabe que a vitória não depende dele e que nunca o chamarão para entrar em campo.
Ouvi certa vez a palestra de um acadêmico de medicina sobre o estresse. Ele nos aconselhou a ir a um estádio assistir a uma partida de futebol e “por para fora” todo nosso estresse gritando, xingando e abanando as mãos. Não concordo com ele, mas fico com a impressão de que a maioria dos professores concorda e que eles vão aos cursos de capacitação para esbravejar, buscar culpados e “lavar a alma”.
Quando é proposto um debate sobre a sua atuação, ou postura profissional, ele envolve o aluno e nunca se vê no processo. É como se já tivesse sido condicionado pelo aluno, é escravo do aluno, é este quem manda nele. Se o debate é sobre é sobre ética, o aluno é o culpado da sua falta de ética ou o dificultador de sua aprendizagem sobre ética. Se o debate é sobre didática, novamente o aluno entra em cena boicotando todas as suas boas intenções. Se é cobrado sobre algum resultado então o sistema não lhe valoriza.
Quando se pergunta sobre o que ele tem feito a resposta é o silencio, na maioria das vezes. Quando solicitado a fazer uma experiência e registrar o processo para fins de análise ou para prestar contas aos gestores e mostrar a importância da sua ação, a resposta é, quase sempre, uma evasiva.
Minhas perguntas:
- Quando um professor vai se ver como profissional?
- Quando elevai entender que foi posto ali para cumprir um papel específico e que esse papel não é buscar culpados?
- Quando ele vai entender que toda profissão tem seus reveses, que os pais estão com as mesmas dificuldades que ele e que ao invés de buscar culpados deveria buscar parcerias?
- Quando vai perceber que para buscar parcerias tem que ter propostas? Que ninguém ajuda quem não sabe para onde vai?
- Quando vai entender que para ter propostas tem que se ver no processo? Que esse aluno que ele tem é o único aluno que ele tem e que ele foi posto ali para contribuir para a formação desse aluno?
Prof Antonio Sales profesales@hotmail.com